Diante de uma situação importante em que precisamos lembrar de algo, de vez em quando nos deparamos com o famoso “branco”. Outras vezes, logo após virmos uma informação, já não somos capazes de nos lembrar o que foi visto. Como então memorizar o que estudamos?
Por conta do bombardeio de informações que recebemos no dia a dia, frequentemente nos queixamos de esquecer com facilidade aquilo que deveríamos lembrar. De fato, desde que acordamos até o momento que vamos dormir, somos expostos a uma série de estímulos visuais e auditivos. Nomes, dados, números, informações complexas que são processadas por nossa mente que, ao final do dia, de tanto assimilar, acaba sobrecarregada.
Além disso, a ânsia de tudo fazer, de desempenhar atividades multitarefas, traz, também, uma falsa sensação de que a quantidade de informações assimiladas importa, a tal ponto de acreditarmos que quanto “mais, melhor”.
Ocorre, no entanto, que esse exagero de informações, não sendo administrado e filtrado, dissipa nosso foco e dificulta a efetiva memorização do conteúdo.
Como memorizamos as informações
Os especialistas da neurociência fazem a distinção entre memória declarativa e memória não declarativa. Alertam que a memória declarativa se relaciona às informações explícitas que transitam facilmente em nossa consciência e que estão a nosso fácil acesso. Já a não declarativa, por sua vez, é aquela que diz respeito ao conjunto de procedimentos implícitos que aprendemos e realizamos no “piloto automático”.
Um exemplo disso é na redação do Enem. Quando escrevemos um texto, usamos nosso conhecimento procedimental, natural de escrita. Trata-se, portanto, de uma habilidade que, uma vez aprendida, passa a fazer parte da memória não declarativa, visto que é implícita, espontânea.
Já o fato de precisarmos fazer citação histórica para aumentar a nota na competência 2, de “bagagem sociocultural”, elencando nomes e datas, no mesmo texto, só se torna possível se tais fatos históricos estiverem em nossa memória declarativa.
O problema surge exatamente aí, pois, para citar uma informação, um procedimento de manutenção dessa informação é necessário. Dificilmente um dado fica pra sempre em nossa memória se não o utilizamos regularmente.
Como lembrar o que estudamos
O psicólogo alemão Herman Ebbinghaus, ciente desse problema, desenvolveu o conceito de “curva de esquecimento” para exemplificar como um conteúdo retido em um dia vai se dispersando até chegar ao total esquecimento.
Para Ebbinghaus, quanto mais próximo estivermos do referencial do tempo, mais nos lembraremos do assunto. Desse modo, se estudamos hoje que:
“Lima Barreto foi um escritor pré-modernista brasileiro que lutou contra a injustiça social de sua época, por ter sido ele mesmo vítima do preconceito racial existente, realizou denúncias sociais em obras como ‘As Recordações do Escrivão Isaías Caminha’, ‘Clara dos Anjos’ e ‘Triste Fim de Policarpo Quaresma’”
dificilmente vamos nos esquecer da ideia central: a de que ele sofreu injustiças e suas obras procuravam retratar essa condição. No entanto, alguns detalhes como o nome dos livros serão perdidos no dia seguinte, na semana seguinte, etc. Daqui a 30 dias, simplesmente TUDO pode desaparecer da nossa memória, se não tivermos um segundo, terceiro contato com essa informação, assim como ilustra o gráfico abaixo:

Desse modo, baseando no estudo da “curva do esquecimento”, revisões são extremamente necessárias para que o conteúdo assimilado não se perca com o tempo. Por isso, a memória declarativa precisa estar constantemente sendo revisitada, para que não vá se diluindo à medida que o tempo passa.
Para saber como revisar melhor, já escrevemos sobre o tema e você pode saber acessando Métodos de Estudo.
Para saber como memorizar mais ao estudar um assunto pela primeira vez, separamos a seguir algumas dicas que vão facilitar a assimilação e te ajudar a como não esquecer o que estudou.
Dicas de como memorizar o que estudamos
1- Preze pela qualidade do estudo
Não se preocupe em aprender uma quantidade exagerada de assuntos diferentes de uma vez; foque em um tema e procure aprendê-lo de forma efetiva.
Por mais que diante da enormidade de informações requisitadas acreditemos que é preciso memorizar tudo, selecione gradualmente o que precisa estudar, do básico ao avançado, respeitando seus limites e observando se cada estudo que está fazendo é eficaz.
Para ver se seu estudo é eficaz, podemos fazer a seguinte pergunta: estou realmente entendendo isso? ou estou vendo tão apressadamente que precisarei voltar para ver melhor no futuro? Se a resposta for “sim, estou compreendendo”, então no futuro não precisará ficar voltando ao mesmo assunto e economizará tempo.
Portanto, cada passo de uma vez, bem realizado, nos poupa de problemas futuros.
2- Faça associações correlatas para lembrar
Enquanto estiver estudando, procure aprofundar as informações relacionando-as a outras parecidas.
Quanto mais horizontal forem os tópicos, mais facilmente você lembrará do conjunto. Quanto mais isoladas e soltas as informações, mais facilmente se perderão.
Tomando como referência o exemplo já citado, sabemos que Lima Barreto por muitos é comparado a Machado de Assis, pois ambos viveram no fim do século XIX, no Rio de Janeiro. Assim, quando for estudar Lima Barreto, veja quais as semelhanças e diferenças que ele tinha com Machado de Assis. Dessa forma, lembrando de um, facilmente será possível lembrar do outro.
3- Humanize o estudo
Ao ter contato com um tema, procure entender o contexto por trás.
Será muito mais fácil compreender os assuntos se encontrarmos um motivo.
Desse modo, ao se deparar com um livro, procure saber do que fala esse livro. Ao se deparar com um autor, veja um pouco de sua trajetória.
São dúvidas que devem ser feitas enquanto você estiver estudando. Servem para aprofundar o nosso entendimento do assunto, criando um conhecimento de qualidade.
4- Pesquise as respostas
Diante de uma palavra desconhecida, pesquise sempre o significado. Se essa palavra for do tipo técnica, veja a qual assunto ela pertence e, futuramente, lembre-se da sua pergunta.
Por exemplo, se está estudando filosofia moderna e o termo “dignidade da pessoa humana” aparece entre as ideias de Kant, não deixe o termo passar batido; anote-o, pesquise, pois certamente se relaciona a outras situações futuras.
O princípio da dignidade humana é um dos fundamentos da Constituição Federal de 1988. Ao estudar História da Redemocratização no Brasil, você pode se deparar com esse conceito tão importante. Dessa forma, já estará ciente, podendo memorizar mais facilmente diante da possibilidade de fazer links entre os temas.
5- Faça anotações para memorizar mais rápido
Não tenha receios em escrever o que você estuda. Ao assistir a uma videoaula, tome nota do assunto. Ao ter uma dúvida, escreva no canto da folha para não esquecer.
A memorização está longe de ser um processo automático. Não lembramos de tudo instantaneamente. No entanto, o processo pode ser mais efetivo se aplicamos um estudo ativo. Por isso, para construir bem o conhecimento em nossa memória, precisamos esquematizá-lo, e quanto mais temos contato com o assunto, ouvindo, vendo e escrevendo, mais inclinados somos a lembrar.
Gostou do conteúdo? Saiba mais clicando em: 7 Formas para Memorizar Um Conteúdo
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